Perdidos e achados
- Equipa RTM ME
- 14 de fev.
- 2 min de leitura

O Evangelho de Lucas tem uma secção de perdidos e achados. Uma ovelha, uma moeda valiosa, um filho. Nada disto tem qualquer coisa em comum. Nem o que se perdeu, nem quem procurou o que estava perdido.
Nenhum pastor gosta de perder um animal. Cada uma das ovelhas é preciosa pelo valor monetário, pelo tempo investido no cuidado, pela ligação entre quem cuida e quem, descuidadamente se perde.
A moeda, tem um valor monetário, é um bem de família, há uma ligação profunda que vai para além da moeda em si, porque um dia ela será um legado. Perde-se…como? Não se sabe.
O filho, perde-se por escolha pessoal. Perde a casa do pai, o direito de voltar a ser chamado de filho, o carinho, a saúde. Por fim perde a dignidade, porque tem que viver com porcos. Ninguém o procura, ninguém se esforça para encontrá-lo, como nas outras histórias. Quando ninguém procura, o destino é ficar perdido para sempre.
Nas duas primeiras histórias houve muita alegria. O pastor achou a ovelha e por causa disso convoca os amigos para uma festa. A mulher achou a moeda, a alegria inundou-a e por isso convida a família, os amigos e vizinhos para celebrarem com ela o grande achado.
Na história do filho que escolheu perder-se, a decisão de mudança tem que vir dele. Por isso levanta-se do meio da miséria e fome e faz o caminho de volta a casa, trôpego, vacilante, sem saber o que o espera no final da estrada.
E é precisamente aqui que Jesus, o maior contador de histórias, leva os seus ouvintes ao desfecho mais improvável e mais retumbante. No final do caminho, há um pai que corre de braços abertos, (contra tudo o que se espera naquela cultura) para receber o filho esbanjador. O perdão é tamanho, a alegria da volta é tal, que o pai põe a casa em movimento para a maior festa de sempre. Quando a música estala e a comida especial desaparece de cima das mesas do banquete, o pai só diz uma coisa absolutamente poética, profundamente sentida, totalmente feliz: “Este meu filho, estava morto (não apenas perdido, mas morto) e reviveu, estava perdido e FOI ACHADO”. Quem achou o rapaz?
Quem pode achar-me, quando já não sei a quem recorrer, que voltas dar a uma situação criada por mim e pelas circunstâncias da vida? Eu decido ser achada. E do outro lado, à minha espera, tenho braços de amor, roupa nova, sapatos novos, anel no dedo e banquete, um grande banquete. Porque mereci? Não, porque o amor do Pai me deu vida outra vez e porque o Seu abraço me assegura em graça, que junto Dele nunca estou perdida.

Sarah Catarino
Escritora e oradora Internacional
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