O Ciclo Vital de uma Família
- Equipa RTM ME
- há 8 horas
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Antigamente era tudo mais simples... Toda a gente sabia o que era uma família, como era composta e entendia como as coisas se processavam. Famílias disfuncionais, segundo o nosso critério, sempre houveram, desde os princípios da civilização. E acredito que nessas sociedades mais recuadas, também teve que haver um ajuste para que as pessoas que faziam parte desse agregado se sentissem minimamente bem.
Não é minha intenção trazer a minha opinião pessoal sobre o que deve ser a família, como deve ser composta, quem tem a responsabilidade máxima na mesma etc. São questões muito importantes, são perguntas que andam no ar, mas o que me proponho falar convosco é como poderemos tornar mais feliz e mais facilitada a vivência desse núcleo de pessoas que estão dentro da nossa casa e ao qual chamamos família.
O que estamos a fazer para que essa vida melhore? Não estou a pensar em melhores empregos, em casas mais funcionais e mais baratas, em escolas mais próximas para os filhos. Preocupa-me mais a falta de comunicação, a ausência de afeto, o esquecimento de valores fundamentais para a nossa felicidade e equilíbrio emocional.
É verdade que o nosso modo de vida mudou completamente nos últimos 30 anos. De uma maneira geral, as mulheres saíram de casa para trabalhar e os filhos foram entregues aos cuidados de outras pessoas. O machismo dos homens não acompanhou a independência das mulheres, isto é, alguns homens continuam a achar que o seu papel é bem definido, ou seja, trabalham, leem o jornal, vão ao café, saem com os amigos. As mulheres agora independentes, porque também têm salário, carreira e objetivos a atingir, continuam no entanto a ser ainda donas de casa, mães, professoras, administradoras do lar e no fim de tudo, amantes. Neste estado de coisas muitas vezes instala-se uma crise profunda.
Entretanto, as crianças também têm desejos, de ser ouvidas, amadas, acarinhadas e quando não encontram isso nos pais, voltam-se para os amigos, procuram nos filmes e nos jogos, rebelam-se e revoltam-se quando há uma ordem mais firme e mais fora do normal.
O tempo que as famílias deviam aproveitar para falar, conversar, discutir e rir, é usado agora nos programas de televisão, nos jogos, nos smartphones. Não tem mais a ver com partilha à volta da mesa, com mimo na hora de deitar para os mais pequenos, com conversa, só por conversar, com os mais velhos.
Em poucas palavras, gostaria de dizer aquilo que acho dever ser um lar feliz, não ideal, não perfeito, não imaculado, porque isso não existe, mas um lar onde é possível haver riso e choro, onde as pessoas são livres para serem genuínas e onde são aceites, não importa os seus defeitos ou capacidades:
Um modelo de amor
Amor entre pai e mãe, amor renovado, amor de perdão, amor de beijos, carinhos, abraços, afeto. Amor de recordações doces, amor de interrupções na rotina para ouvir a queixa de um filho adolescente e o choro de um pré-escolar.
Um modelo de cura
Porque é no lar que devem ser corrigidos os pequenos desvios das crianças. É no lar que devem ser disciplinados para que a vida seja regida por hábitos saudáveis. É no lar que os filhos e os pais aprendem a perdoar-se e a começar de novo, deixando para trás o que já foi perdoado.
Um modelo de comunidade
Uma comunidade é um grupo de pessoas que tem os mesmos alvos, objetivos e metas. Trabalham todos para que ela se desenvolva, progrida, tenha sucesso.
É difícil? Claro que é.
É impossível? Não.
Está no nosso querer e na decisão do nosso coração voltarmos para o que é “puro, verdadeiro, amável, de boa fama”. Se não o fizermos, os outros à nossa volta nunca serão influenciados para o bem e teremos uma responsabilidade muito grande diante de Deus e do nosso mundo.
Invistamos o nosso tempo, energia e compromisso com os nossos filhos com a nossa família. O resultado será de esperança e segurança para todos.

Sarah Catarino
Escritora e oradora Internacional
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