Eu sou a “samaritana”. Preciso ir buscar água. Todos os dias faço este caminho por absoluta necessidade e escolho a hora, quando a aglomeração junto ao poço é menor ou nenhuma. Queria tanto que a água desse para mais dias, mas o meu cântaro está vazio, outra vez. É meio dia, o sol está a pique, resta-me outra metade do dia para viver a minha vida sem sentido.
Já vejo ao longe o poço de Jacó. Há um vulto que não consigo definir. Apresso os passos, porque vejo agora que é um homem, sentado no poço. Parece cansado, pela postura do corpo e das mãos, que descansam sobre o colo. Chego perto. Assusto-me quando Ele me pede água e sobretudo porque noto que é um judeu.
Como terá vindo parar aqui? Como se atreve a falar-me, mulher e samaritana? O melhor é ir já ao cerne da questão. Ele não tem com que tirar água e o poço é fundo…
Nunca me passaria pela ideia que alguém me pedisse alguma coisa, porque na realidade, nada tenho para dar. Olho para o poço, fundo como a minha dor, como a rejeição, a desilusão, o desamor e a crueldade com que sou tratada.
O homem está a falar de água e, à medida que fala, sinto que a secura dentro de mim é muito maior que eu imaginava. Passo o cântaro de um braço para o outro enquanto Ele fala. Nas Suas palavras, há tanta doçura, cuidado, desejo de ajudar a preencher a minha sede.
Ele diz-me agora que devo ir buscar o meu marido. Mas como, se já tive cinco maridos e o homem que tenho agora não é meu? Quem é este estranho, que desvenda os segredos da minha alma? Seis homens já passaram na minha vida, seis tentativas de felicidade, de realização, transformadas em rejeição e desprezo.
Quem é este sétimo homem, que me diz que o meu nome pode ser “fonte”? O que é isto que sinto dentro da minha alma? Que frescura é esta que me invade enquanto Ele fala?
Pouso o cântaro. Esqueço o que vim fazer ao poço de Jacó. Corro para a cidade. Alguém mais tem que saber que há um Homem que transforma um poço fundo, de água parada, numa fonte de água viva!
Não cheguei a dar-lhe a água que me pediu. Mas Ele saciou a minha sede…
E pode saciar a tua. Porque Ele mesmo é a água! Não está mais sentado junto ao poço de Jacó. Está junto de todos os poços da nossa vida, daqueles que de tão fundos de dor e desengano desistimos de tirar algo. É só ouvires a Sua voz, é só dares uma chance ao Senhor para que Ele transforme a tua vida!
Os homens de Sicar que vieram verificar o que a mulher lhes contara, disseram: “Já não e pelo teu dito que nós cremos, mas nós mesmos vimos e ouvimos que este é o Messias!”
Que seja assim na tua vida. Que não seja pelo que eu ou outro mensageiro de Deus te diz, mas que o teu encontro com Ele seja tão real como foi com a samaritana, junto ao poço!
Sarah Catarino