"Certa tarde, estavam pai e filho no pátio da casa, sentados num banco junto de uma árvore. O filho lia concentrado o seu jornal, enquanto o pai contemplava a natureza.
De repente um pequeno pássaro pousou à frente deles. O pai olhou atento e perguntou:
- O que é aquilo?
Então o filho tirou os olhos do jornal, olhou para o pássaro e respondeu:
- Um pardal.
O pai, continuando a olhar o pequeno pássaro, perguntou de novo:
- O que é aquilo?
E o filho novamente respondeu:
- Acabei de lhe dizer pai, é um pardal.
Quando o filho sacudiu o jornal para virar a página, o pássaro assustou-se e voou para os galhos da árvore. Minutos depois, o pássaro pousou no chão e o pai questionou novamente:
- O que é aquilo?
O filho, já inquieto, respondeu a gritar:
- Um pardal! UM PARDAL! Já lhe disse várias vezes, pai, é um PAR-DAL!
O pai, continuando a olhar o pequeno pássaro e perguntou mais uma vez:
- O que é aquilo?
Então o filho perdeu a paciência e, aos berros, respondeu:
- Por que está a fazer isso comigo, não vê que atrapalha a minha leitura? Por quê? Já lhe disse várias vezes que é um pardal, um pardal, que coisa!
Nisto o pai levantou-se calmamente e o filho, entre nervoso e curioso, perguntou:
- Aonde é que o pai vai?
O pai entrou em casa. Logo depois, voltou com uma velha agenda nas mãos. Procurou uma determinada página e mostrou-a ao filho, que começou a ler. Aí, o pai disse:
- Leia em voz alta!
Então o filho começou a ler a agenda na página aberta pelo pai, que dizia:
Hoje meu filho mais novo, que há poucos dias fez três anos de idade, estava comigo no parque quando um pássaro pousou à nossa frente. Meu filho perguntou 21 vezes o que era aquilo. E eu respondi 21 vezes, com todo carinho, que era um pardal. E cada vez que ele me perguntava, eu respondia com toda alegria do meu coração e o abraçava a cada pergunta, sentindo-me feliz por perceber que a curiosidade daquela inocente criança demonstrava o quanto meu filho era inteligente!
Foi nesse instante que o filho percebeu, largou o seu jornal e abraçou o seu velho pai, chorando!"
- Autor desconhecido -
Particularmente doía-me ver tantos homens e mulheres sentados nos bancos dos jardins deste país, dia após dia, sem nada fazer, sem nada produzir, sem nada sonhar.
“Alguns passam o tempo recordando, pois a memória é de todas as faculdades a primeira a desaparecer. Mas a recordação é a sua melhor força, a consolação que os sustenta. Os jovens possuem memória em alto grau, usam-na com facilidade, mas falta-lhes o dom da recordação,” disse Soren Kierkegaad.
E agora, que estão proibidos de se sentar nesses bancos de jardim, nas esplanadas, debaixo das árvores dos parques a jogar com os amigos, onde estão, o que fazem? Como são tratados, o dia inteiro dentro de uma casa, onde com certeza pouco lhes será dito, muito pouco lhes será dado a não ser o alimento?
Porque afinal lá porque os anos passam, o corpo enfraquece e a memória teima em esmorecer, não significa que fiquemos paralisados e indiferentes à beleza da vida ao nosso redor. Mesmo quando as árvores se tingem de dourado e as folhas começam a atapetar o chão, a beleza ainda existe, ainda há lugar para vislumbrar o verdadeiro e o intenso da vida.
A Bíblia, diz que mesmo os “velhos ainda darão fruto”, o que significa que, mesmo aqueles que nos ouvem/leem em idade mais avançada, podem ser úteis, marcantes na vida de alguém e deixar para os outros a seguir, um legado de sabedoria, de vida e experiência.
Deve ser maravilhoso fazer no final da vida a afirmação que fez S. Paulo ao chegar no término da sua existência: “Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. “ E quando isto acontece na vida de um ser humano que confia em Deus, ainda pode ser acrescentado o que S. Paulo acrescentou: “desde agora me está preparada a coroa da justiça”.
A carreira, o combate, o tesouro pode terminar neste mundo, mas para lá do visível, Deus tem algo de eterno e incontaminável preparado para aqueles que confiam Nele e O amam de todo o coração.
Querida amiga mais idosa que nos escuta/lê, os planos de Deus para a sua vida, são sempre de esperança, para este mundo e para o que há de vir. A sua vida ainda tem valor, ainda pode dar fruto, muito fruto!
Filhos que ouviram o nosso programa ou leram este texto, não deixem que os últimos dias de vida dos que vos deram ao ser sejam gastos numa solidão e numa sombra sem fim. Um dia será a vossa vez. Um dia precisareis também desse mesmo carinho.
Texto: Sarah Catarino (extraído do programa "Idosos")
Pode ouvir este programa completo na nossa página do Youtube aqui: